CRB – Elementos de sua Memória (2)

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No ano da promulgação do Dogma da Assunção de Nossa Senhora (1-11-1950), Pio XII convocou, em Roma, os Religiosos e as Religiosas para um Congresso Internacional, entre 26 de novembro e 7 de dezembro. O evento tinha como finalidade “a motivação dos estados de perfeição, acomodada aos tempos e condições presentes”. Os organizadores sintetizaram a meta do Congresso no seguinte texto: “Nossa renovação adaptada deve ser tal que nos leve, com fidelidade filial, a fazer, em ascética, em formação e em apostolado, tudo aquilo que nossos Santos Fundadores, precursores em seus tempos, generosos e audazes, teriam feito e fariam, se voltassem a se colocar à frente de nosso Instituto”.

Na sessão de encerramento. Pio XII pronunciou importante discurso, em que chamava a atenção para questões relevantes para a Vida Religiosa nas circunstâncias da época, tais como: O lugar das Ordens e Congregações religiosas na Igreja; a tendência à perfeição; as razões para optar pelo estado religioso; obras externas e vida interior; a adaptação às mudanças do tempo.

Não obstante as limitadas condições da época e a visão da Igreja então vigente, o Congresso trouxe em seu bojo sementes fecundas de renovação, primeiros sinais de um futuro aggiornamento da Vida Consagrada no interior da Igreja. A “Sagrada Congregação dos Religiosos” (como era ainda a denominação daquele Dicastério Romano) estimulava a realização de Congressos nacionais nos diversos países. No caso do Brasil, foi organizado o Primeiro Congresso de Religiosos em 1954, pouco tempo depois da fundação da CNBB (Conferência dos Bispos do Brasil), em 1952. Na realidade os dois organismos: o dos Bispos e o dos Religiosos são inseparáveis um do outro. Figuras-chave na preparação e condução do Congresso dos Religiosos de 1954 foram o Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara (1943-1971) e o salesiano, Padre Irineu Leopoldino de Souza. Este primeiro Congresso realizou-se na cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, entre 7 e 13 de fevereiro de 1954, com a presença do Cardeal-Prefeito da Congregação dos Religiosos, Dom Valerio Valeri. Participaram em torno de mil religiosos e religiosas!

Não é sem importância sabermos que, em meados do século XX, havia no Brasil 183 Institutos religiosos femininos e 72 masculinos, num total de 255 entre Ordens, Congregações e Institutos Seculares, que se distribuíam em 234 províncias de religiosas e 132 de religiosos, totalizando 366 províncias, incluindo também as vice-províncias e mosteiros autônomos. Eram 3851 as casas religiosas, 2563 femininas e 1288 masculinas. Nessas unidades viviam e trabalhavam 26.000 irmãs, 3.000 irmãos e 6.910 religiosos presbíteros, perfazendo um total de 35.910 religiosos. Congregações religiosas fundadas no Brasil eram 40.

A temática do Primeiro Congresso Brasileiro de Religiosos (1954) girou em torno de três eixos: o ideal da Vida Religiosa perante as novas condições da vida moderna; vocações e formação; os campos do apostolado. Da parte da Sagrada Congregação para os Religiosos se fez presente seu secretário, Padre Arcádio Larraona, e da parte da CNBB, Dom Hélder Câmara, secretário geral da Conferência episcopal.

Interessante saber que os trabalhos em plenário se desenvolveram em locais diferentes para homens e mulheres religiosos!

Uma das finalidades específicas do Congresso era promover uma maior aproximação e unidade entre as diversas Famílias Religiosas presentes no Brasil. A Comissão Executiva elaborara neste sentido um anteprojeto de Estatuto para um organismo permanente que poderia garantir a realização deste objetivo.

Cada congressista tinha recebido uma cópia deste documento já no primeiro dia dos trabalhos. Autor e relator do anteprojeto, na Comissão do Congresso, foi Padre Irineu. Lemos na Ata de Fundação da CRB: “Os critérios que presidiram a nossa elaboração foram os seguintes: Não legislar primeiro e depois fazer, mas seguir o caminho contrário, que foi sempre o de todos os fundadores religiosos. Criar a Conferência, com o mínimo indispensável de disposições estatutárias em sua carta fundamental, e pô-la em movimento. As circunstâncias e oportunidades é que irão corporificando seus estatutos. Por isto mesmo o anteprojeto, na maior simplicidade e sobriedade das linhas mestras da organização se resume apenas a 14 artigos …”

Continua…

 

 

 

 

Frater Henrique Cristiano José Matos.

Membro da Congregação dos Irmãos (Fráteres) de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia, frater Henrique é pesquisador da história da Igreja, área na qual tem diversas publicações. Possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1969), graduação em Curso Superior de Pedagogia – Pedagogische Akademie Sint Stanislaus (1964), mestrado em Teologia pela Pontifícia Facultas Theologica Teresianum (1984) e doutorado em Teologia pela Pontifícia Facultas Theologica Teresianum (1989).

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