CRB – Elementos de sua Memória (3)

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No primeiro Congresso Brasileiro de Religiosos, em 1954, houve uma sessão reservada aos 53 Superiores Maiores presentes para examinara mais detalhadamente o anteprojeto do Estatuto da futura Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). Em 10 de fevereiro o texto foi levado ao plenário para votação, tendo sido aprovado com ligeiras emendas. No artigo 2o declara que a Conferência tem por finalidade principal a coordenação e articulação das diversas comunidades religiosas, o estudo dos problemas e criação de serviços de interesse comum, visando uma colaboração mútua sempre mais eficaz.

A primeira Diretoria, com mandato de três anos, constava de 7 religiosos, sendo Dom Martinho Michler (1901-1988), Abade do Mosteiro de São Bento, do Rio de Janeiro, eleito presidente (ele será sucessivamente reconduzido ao cargo até 1965), e o Padre Irineu Leopoldino de Sousa, secretário-geral, personalidade com invulgar capacidade de trabalho e de organização, que marcará profundamente a fisionomia técnica e jurídica da CRB nos primeiros seis anos de sua existência.

No dia 11 de fevereiro do ano de 1954, na festa litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, dentro do Ano celebrativo do Centenário do Dogma da Imaculada Conceição (1854), a nova Diretoria tomou posse. Esta data foi escolhida como a fundação oficial da CRB. Um imóvel ao lado do Colégio Santas Úrsula, cedidada pelas Irmãs, passou a ser a sede da recém criada Conferência.

Nos Estatutos aprovados são mencionados oito Departamentos, ou seja órgãos operativos da nova Conferência: 1)-o jurídico; 2)- de estatística (núcleo do futuro CERIS, Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais), confiado à Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado; 3)- de educação e ensino (que na realidade funcionaria através da já existente AEC, Associação de Educação Católica); 4)- de catecismo (que posteriormente daria espaço ao ISPAC, Instituto Superior de Pastoral Catequética); 5)- de assistência à saúde (operando através da “União de Enfermeiras Religiosas do Brasil”); 6)- de serviço e assistência social; 7)- de obras diversas; 8)- de missões populares (posteriormente transformado no “Departamento de Pastoral”).

Estavam lançadas as bases do novo organismo eclesial que, no decurso do tempo, teria uma influência notável na Vida Religiosa e, por extensão, na própria Igreja no Brasil. Dom Hélder Câmara, secretário da CNBB, disse: “O acontecimento tem para os Religiosos do Brasil o mesmo alcance que teve para a Hierarquia a fundação da CNBB. Os dois secretariados deverá, aliás, atuar sempre centro da mais completa sintonização”.

Com data de 26 de março de 1955, a Sagrada Congregação para os Religiosos expediu o Decreto de aprovação canônica dos Estatutos da CRB. Interessante notar que desde suas origens a Conferência dos Religiosos do Brasil se via, a si mesma, não como um organismo puramente jurídico de Superiores Maiores, mas como um serviço prestado a todos os religiosos e religiosas do país.

Na Ata de Fundação da CRB já se observara: “Os estatutos projetam uma organização única, com uma única diretoria, para religiosos e religiosas. Oportunamente os dois ramos poderão ter cada qual sua diretoria própria, que se articulará com a outra num conselho superior comum. Agora, nos inícios, é mais conveniente uma organização só, para dar-lhe mais pujança”.

Conferência “única” era uma exceção na época. Em geral, existiam nos outros países duas Conferências de Religiosos distintos, quando não três — com uma especialmente para os Irmãos — relacionando-se institucionalmente mediante um Conselho Superior. Era este o modelo preferido por Roma durante muito tempo.

No artigo 14 dos estatutos originais é formulado como se entendia, em 1954, o papel próprio da CRB: “ As determinações da Conferência terão o caráter de orientação e coordenação, de considerável força moral, e, por isto, serão acatadas por todos os membros, no intuito de se alcançar eficaz unidade de ação”.

A descentralização da CRB já deu seus primeiros passos no ano imediatamente posterior à fundação, inicialmente por Estado da Federação. A primeira “seção estadual” surgiu em Salvador da Bahia (1955). A de Belo Horizonte data de 3 de abril de 1957, sendo seu primeiro presidente o Padre Joaquim Parreira, barnabita. Naquele ano havia no Estado de Minas Gerais 420 casas de religiosos e religiosas. Na reunião da Diretoria da CRB-mineira, de 4-8-1957, falou-se sobre a conveniência de criar Núcleos nas diversas partes do Estado a fim de atingir, de forma mais realística, as bases da Vida Religiosa em Minas.

Na Assembleia da CRB-Nacional de 1965 a divisão por Estado foi substituída pela regionalização da Conferência, seguindo nisso o modelo geográfico já adotado pela CNBB, com a esperança de esta semelhança poder contribuir para aprimorar o entendimento e o entrosamento das duas Conferências.

Em julho de 1955 — com antecipação de meio ano, a fim de fazê-lo coincidir com a realização do Congresso da AEC — teve lugar, em São Paulo, o II Congresso dos Religiosos do Brasil, tratando mais especificamente do tema da colaboração entre os religiosos e religiosas por um lado, e a paróquia e diocese por outro. Esteve presente o Cardeal Valerio Valeri, na época Prefeito da Sagrada Congregação dos Religiosos, de Roma. O Congresso serviu para intensificar a aproximação dos religiosos do nosso país, numa comunicação de suas aspirações, métodos e propósitos. O evento funcionou em duas grandes seções separadamente para os homens e as mulheres. Nas “resoluções finais” consta: “Criar, no quadro geral da Conferência dos Superiores Maiores Religiosos do Brasil uma seção especial para as Congregações de Irmãos”. Também ficou decidido que anualmente haveria um encontro de Superiores ligados à CRB.

 

 

 

 

 

Frater Henrique Cristiano José Matos.

Membro da Congregação dos Irmãos (Fráteres) de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia, frater Henrique é pesquisador da história da Igreja, área na qual tem diversas publicações. Possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1969), graduação em Curso Superior de Pedagogia – Pedagogische Akademie Sint Stanislaus (1964), mestrado em Teologia pela Pontifícia Facultas Theologica Teresianum (1984) e doutorado em Teologia pela Pontifícia Facultas Theologica Teresianum (1989).

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